Como o som de um tambor. Que não pára. Cada vez mais frenético. As palavras vivem assim na nossa cabeça. A exigir a explosão, que tentamos a todo o custo evitar que surja. Como se fossemos equilibristas sobre fios de cabelo.
As palavras matam-se a si próprias. Matando-nos. Morrem no grito que sufoca no peito. Inventamos formas de matar a alma. Ignoramos. Fingimos que não existe. E o ritmo frenético não pára.
"Qual o nome do rosto onde se perde o teu olhar?"
Talvez a alma seque. Fique no esquecimento dos dias, na inquietação das noites. Talvez o sono volte um dia. Equilibrado. Sem recurso a vidas inventadas. Talvez a vida volte um dia.
Fechamos gavetas que se abrem a todo o momento apesar de darmos voltas infinitas à chave na fechadura. "Se é assim é porque está escrito" diz uma voz dentro do corpo.
Se existíssemos apenas sem almejar, ainda que secretamente, os pequenos momentos fugazes, tão pequeninos, (tão miseravelmente pequeninos!) era tudo mais fácil.
A escrita, grito calado até à exaustão dos sentidos, até ao limiar da loucura, as palavras a invadir cada centímetro do corpo e um nome que soa, no olhar que se perde onde tudo é perene.