12.11.06

Naquele tempo eu era uma aluna brilhante a matemática. Agora não consigo sequer somar. Um mais um, por mais voltas que dê, não é igual a dois. Para falar a verdade nem sei qual é o resultado que dá. Só sei que não é igual a dois e deveria ser.
Se me imaginarem não acreditem. Não sou nada assim. Sou muito dual é verdade, mas os momentos de lucidez estão exactamente onde deveriam estar. Há uma parte completamente organizada na minha vida. Aquela para a qual sempre achei que não ia ter grandes aptidões. É exactamente nessa, que sou mais e melhor. Todos os dias. É nessa que tenho os pés enterrados na terra. Para não perder o trilho. Há coisas que levamos até ao fim dos nossos dias porque são parte da nossa alma.
E quando há uma parte da alma, da nossa, que não nos pertence, da qual não somos responsáveis, a qual encontramos e nesse mesmo instante pensamos "afinal é ali que está aquela parte de mim que eu não sabia onde estava."?

O Outubro chegou. E já passou. Os Outubros da minha vida... Ainda ando a digerir o último Outubro. Com tudo de bom e de mau que me trouxe.

Não era para escrever aqui. Não me apetece escrever. Apesar de ter mil e mais uma palavra para dizer. Apesar de.. Não era para escrever. Mas tenho a sensação que no momento em que não me apetecer escrever e não me forçar a fazê-lo, as palavras que andam revoltas dentro de mim, vão inundar-me os olhos e nesse momento morro-me. Morro dentro de mim. É assumir que me resignei. Sempre tive uma enorme capacidade de luta, resignar-me seria assinar o impresso que me levava a lado nenhum. Estagnar é como a água parada. Depois de um certo tempo cria lodo. Prefiro transbordar, exagerar, colocar uma gota mais, para que a água se mova. Até ao dia em que me der por vencida. Nesse dia, e isto atentem, é uma promessa que vos faço, que me faço e eu cumpro todas as promessas que me faço, nesse dia não volto a escrever o que me vai na alma. Nem no tronco de uma árvore*.

* as árvores sempre cresceram para baixo. É lá que guardam os segredos.