28.12.06


Por causa do tempo, da época, das vidas que vivem em mim, dos fantasmas do meu olhar que se disfarçam de serenidade, por causa das dores que carrego que não são só as minhas mas que fui eu que pedi para carregar, por causa do amor, do silêncio, dos dias vazios e indiferentes, por causa das noites em que todos os sentidos se completam nos sentidos de alguém, por causa das lágrimas que morrem antes de correrem como rios, por causa do anjo loiro e do anjo ruivo, por causa do anjo da guarda sempre de asas abertas, grandes, enormes, para me protegerem, por causa do Santo que é forte mas que me pede paciência e tempo e eu não sei esperar, por causa do signo e os carneiros são impacientes, porque a espera me desassossega e faz doer. Por causa da falta que me faz o meu lugar, por causa das noites em que a lua fica redonda e quase rebenta, por causa do destino, do que está escrito nas estrelas, no céu ou num qualquer caderno privado de Deus, deixa apenas um pouco menos de silêncio e espera.