5.5.06

Pois, sou uma mulher como as outras. E tenho dias em que me ocupo das roupas, da casa, dos peixes e da caturra, dos cortinados, do que me passa pela cabeça, só para não me ocupar da minha mente. Nesses dias aparentemente banais, cuido de mim, das minhas coisas e parece que tudo é mais fácil. Parece. Mas a vida corre mais depressa, o tempo parece mais rápido, dorme-se mais, fuma-se menos e parecemos mais "normais". A vizinha diz-nos "bom dia" e fala das novidades do Bairro, nós ficamos com aquele ar de quem está muito interessado no assunto, fala-se de banalidades e vive-se mais uns dias. É mesmo assim. Simples. Complicados somos nós que decidimos a determinada altura das nossas vidas tentar compreender a nossa cabeça, as nossas decisões. Depois chegamos a uma altura em que já estamos tão dentro de nós que quase nos afogamos. Tentamos desvendar mais e ir mais além, mas se Deus quisesse que soubessemos todos os segredos, tinha-nos contado.
E hoje é um dia desses, em que eu vivo, e arrumo e limpo e não me importo. Em que só me apetece ser como toda a gente, em que não me interessa ter brilho ou luz, mas em limpar os livros e regar as plantas e em que só me apetece viver assim, simples. Sem mais nem porquê. Continuando a amar só porque a alma me diz para o fazer, aceitando-me com todas as complicações e com todas as coisas simples do meu ser. Aceitando o que a vida me dá de mãos estendidas e chorar se me apetecer as coisas e pessoas que não tenho, mas ainda assim não perder a esperança (a mesma do post em baixo). Ser apenas. Como este post. Simples. De coração aberto, escrito de um só fôlego.