(e este é o resto do post ali de baixo. O que guardei em draft porque escrevo textos cada vez maiores.)
Eu que vi o Martinho da Vila, o ano passado na abertura da Fatacil, da janela do terceiro andar, mas enquanto os outros estavam na varanda eu mantinha-me a uma distância segura, eu que tenho medo até de andar na roda gigante do Zoomarine, que é tão segura e tão lenta e onde vão crianças de dois anos sorridentes, acompanhadas pelos pais. O ano passado, depois de muitas insistências e de muitos "oh anda lá, vai ser giro", aceitei (ainda que contrariada, admito) ir naquele monstro gigante que parece que girou ainda mais lentamente só para gozar com a minha cara "medricas, medricas", andei sempre de olhos fechados, com o coração a querer saltar-me pela boca e com uma falta gritante de sentir o chão nos pés, prometi a mim mesma "nunca mais!".
O mais curioso é que adorava, por um dia que fosse, ter asas e voar. Sentir o vento no rosto e no cabelo. O mais parecido parece-me a mim, seria a asa delta, que eu acho que nunca vou praticar e se um dia num acesso de coragem o fizesse, eu sei que no momento em que saltasse faria xixi nas calças.
Se calhar estes medos estão gravados na minha memória. Na que perdi. Tenho má memória já vos disse. (Perdoa Vanda ainda não ter respondido a o teu mail. E tu também Luís. E tu menina que segue as borboletas. Mas quando os recebi li-os de imediato. Só que ou não tenho tempo ou esqueço-me de responder. E quando me lembro, parece que a minha cabeça está vazia e não sei que vos dizer. Mas eu respondo sempre. A toda a gente. Ás vezes com um espaço de tempo absurdo entre o momento em que recebo os mails e o momento em que respondo. Desculpem.
À menina das borboletas respondi mentalmente mal recebi o mail. "Há momentos em que temos de abrir as asas e deixar tudo para trás e partir. Ou talvez já tenha tudo partido e somos nós os únicos que ali ficamos, à espera de algo.", disse-me a menina das borboletas. Respondi-lhe mentalmente mal recebi o mail, mas de todas as vezes que vou escrever a resposta, as letras do teclado parecem-me todas iguais. Deve ser um outro bloqueio. Deves ter atingido um nervo mais fragilizado. Pergunto-me se a menina das borboletas leu o que escrevi no outro dia sobre a borboleta em cardos tatuada nas costas na zona dos rins. E se ela saberá que gosto tanto de borboletas e do nome do blog dela. Um dos nomes mais bonitos.)
Chego a casa da B. cansada dos degraus que acabei de subir um por um. Fico feliz por a rever e penso que estou demasiado tempo afastada das pessoas.