7.7.06

Ela não sabia que o arrepio no corpo chegava como o gemido de uma guitarra de uns dedos na sua pele. Não sabia que podíamos ter a vida toda a gritar por dentro e uma passividade enorme por fora. Não sabia que as noites não eram iguais para todos, que as canções mais idiotas podiam provocar lágrimas, que o silêncio era sinónimo de ausência.
Ela não sabia que se podia desejar alguém até à morte e deixar o corpo morrer nesse desejo. Não sabia ler os sinais e acreditava que pesando as atitudes e as palavras, as atitudes tinham sempre mais peso ainda que fossem feitas de teias de aranha.
Não sabia das pessoas que trespassavam vidas e viviam sempre nas nossas, que o amor verdadeiro era perene mas a felicidade nos olhos era efémera.
Ela não sabia nada disto e não sabendo não lhe doía.
Ela não sabia mas aprendeu.