11.12.07


há muito tempo que não te escrevo. que não escrevo. que não me escrevo. ficam-me todas as palavras a bailar na língua mas não sai um único som. uma única linha. lembro-me do lodo ao sol... que seca. sei lá porque me lembrei do lodo agora!
nem um único som destes meus lábios que só dizem o teu nome baixinho. num murmúrio. durante o dia. enquanto trabalho, enquanto falo com os outros, enquanto estou calada, enquanto durmo até. o teu nome. sempre o teu nome. como uma prece. dito baixinho. tão baixo que só o meu coração sabe que te chamo.
e descobri que não sei gritar. não sei gritar uma dor, não sei gritar os gritos que me andam presos na garganta. e fecho os olhos e vejo os teus olhos secos. secos de dores engolidas. e também os meus olhos secam. e eu, eu já não te escrevo. já não me (d)escrevo há tanto tempo. e seco. como o lodo. sim, o lodo é um bom exemplo.
o meu peito que já não arde, não dói, não pede, não reclama, não nada. não tudo. só aceita. e já não escrevo porque só sei escrever com alma. e tu sabes, eu sei, não trago a alma comigo.