Falam-nos do amor e descrevem-no a todo o momento. Pintam quadros, escrevem poemas, juntam as palavras exactas e dão-nos canções de amor. Choram saudades no gemido doce dos violinos, pintam lágrimas e sorrisos, descrevem as ondas a enrolar na areia, o arrepio na pele, as noites de amor em que dois corpos são apenas um, em que os momentos param e as horas, os dias, a vida inteira deixa de ter importância. Descrevem a felicidade quando se está na presença de quem se ama, como se tudo estivesse no sítio certo, na hora exacta. O reencontrarmo-nos no outro. Mas não nos ensinam a reconhecer o amor quando ele está à nossa frente, ou a perceber que "aquilo" não é amor. Não nos ensinam a vencer a saudade, não nos dão o milagre de não sentir a dor da ausência de alguém.